10 DE AGOSTO - FESTA DE S. LOURENÇO
2024-08-03

Lourenço, famoso diácono da Igreja Romana, confirmou com o martírio, na perseguição de Valeriano, o seu serviço de caridade, no dia 10 de agosto de 258, quatro dias depois do papa Sisto II e seus companheiros. Segundo uma tradição já divulgada no século IV, suportou corajosamente um atroz martírio na grelha, depois de ter distribuído os bens da comunidade aos pobres – por ele qualificados como verdadeiros tesouros da Igreja. O seu sepulcro encontra‑se junto à Via Tiburtina, no Campo Verano, no cemitério que recebeu o seu nome. Constantino Magno erigiu uma basílica naquele lugar. O seu culto já se tinha difundido na Igreja no século IV.


Administrou o sagrado Sangue de Cristo

A Igreja Romana convida nos hoje a celebrar o triunfo de São Lourenço, que, desprezando as ameaças e as seduções do mundo, venceu a perseguição do demónio. Exercia nessa Igreja de Roma, como sabeis, as funções de diácono. Aí administrou o sagrado Sangue de Cristo; aí derramou o seu sangue pelo nome de Cristo.
O bem-aventurado apóstolo São João expôs claramente o mistério da Ceia do Senhor, dizendo: Como Cristo deu a sua vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos. Assim compreendeu São Lourenço; assim o compreendeu e realizou: o que tinha recebido naquela mesa, isso mesmo ofereceu. Amou a Cristo na sua vida, imitou O na sua morte.
Portanto, também nós, irmãos, se realmente O amamos, imitemo l’O. A melhor prova que podemos dar do nosso amor é imitar o seu exemplo. Na verdade, Cristo sofreu por nós, deixando nos o exemplo, para que sigamos os seus passos. Estas palavras do apóstolo São Pedro parecem dar a entender que Cristo só sofreu por aqueles que seguem os seus passos e que a paixão de Cristo de nada aproveita senão àqueles que O seguem. Seguiram n’O os santos mártires até ao derramamento de sangue, à semelhança da sua paixão. Seguiram n’O os mártires, mas não só eles. Não foi cortada a ponte depois de eles terem passado; não secou a fonte depois de eles terem bebido.
Aquele jardim do Senhor, meus irmãos, não só tem as rosas dos mártires, mas também os lírios das virgens, as heras dos esposos e as violetas das viúvas. Nenhuma classe de pessoas, irmãos caríssimos, deve menosprezar a sua vocação. Cristo sofreu por todos. Com toda a verdade está escrito a este propósito: Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.
Entendamos, portanto, como deve o cristão seguir a Cristo, mesmo sem ter de derramar o seu sangue, sem ter de suportar o martírio. Diz o Apóstolo, referindo se a Cristo nosso Senhor: Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus. Oh sublime majestade! Mas aniquilou Se a Si próprio, assumindo a condição de servo, tornando Se semelhante aos homens e aparecendo como homem. Oh profunda humildade!
Cristo humilhou Se: aqui tens, cristão, o que deves imitar. Cristo obedeceu: como podes orgulhar te? E depois de ter passado semelhante humilhação e de ter vencido a morte, Cristo subiu ao Céu: sigamo l’O. Ouçamos o que diz o Apóstolo: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus.