Tempo do Advento
Nesta época natalícia que se aproxima, somos constantemente colocados diante da questão da perda do sentido original do Natal, que é o nascimento de Jesus. Este tempo vai passando a ser celebrado como a festa dos presentes, da família, marcada por uma maior atenção à partilha e á generosidade, ficando relegada para segundo plano a dimensão religiosa desta festa.
Esta dessacralização do Natal é, certamente, um reflexo da secularização da nossa sociedade e da cultura. Sem entrar em saudosismos ou lamentações, devemos deixar-nos questionar sobre isto: o que, da nossa parte, aconteceu para que o nascimento de Jesus seja um apêndice desta festa e não o seu centro. Mesmo para nós, católicos, na educação das gerações mais jovens, na qual pouca ou nenhuma referência se faz ao Cristianismo, perguntamo-nos se verdadeiramente, aquilo que propomos em primeiro lugar é a celebração da enorme maravilha de Deus Se ter feito um de nós, despojando-Se de Si mesmo, assumindo a pobreza da nossa carne e o inóspito dos nossos lugares. Nas nossas casas, durante o Advento e o Natal, o presépio é o centro do nosso lar? Ou é a árvore com os sapatinhos à espera das prendas? Teremos perdido a capacidade de transmitir a fé numa linguagem adaptada aos nossos dias? No contexto tão complexo em que vivemos, de sobreabundância de informação, de excessos de estímulos e, paradoxalmente, de um consumismo absurdo, a imagem de Deus feito homem num menino, nascido num estábulo, parece ter pouca relevância. Neste tempo, poderá ser um bom desafio se, nas nossas famílias, ambientes de trabalho, na escola, pudermos, de forma criativa, falar do nascimento de Jesus, de como isso nos transforma a vida. Sobretudo, mostrar com a nossa vida, essa sim, sempre eloquente, que aquilo que acreditamos é aquilo que vivemos. (Papa Francisco)